Presidente Dilma não aceita audiência, envia Carvalho para pedir desculpas, mas ele se recusa a assinar documento
Senadores, deputados e líderes evangélicos decidiram ontem (14/02) não reconhecer mais o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência da República) como interlocutor do governo com o segmento. Uma das atribuições da pasta de Carvalho é conversar com movimentos sindicais e segmentos religiosos. O grupo pediu uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para avisá-la da decisão, mas o encontro não foi agendado pela Presidência. Ao contrário, hoje (15/02) à tarde, Carvalho reuniu-se com os parlamentares evangélicos para pedir perdão, mas não quis assinar documento em que se retratava.
Segundo matéria no site de Veja hoje à tarde sobre a reunião, a reunião em que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, pediu desculpas à bancada evangélica se deu na Câmara dos Deputados. A reunião se deu a portas fechadas, durou duas horas e meia, e, ao chegar, Carvalho não quis dar entrevista à imprensa. Só falou na saída. Diz a matéria de Veja que o ministro, "como era de se esperar, acusou a imprensa de distorcer suas palavras. Os parlamentares, entretanto, queriam mais: por iniciativa do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), propuseram que o ministro assinasse um documento confirmando por escrito o desmentido. O petista não aceitou".
Para o deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, "ele se retratou de forma sincera e honesta”. Porém, o ministro afirmou que suas desculpas não significavam uma retratação sobre o que ele declarou no Fórum Social Mundial, quando pregou o confronto com os evangélicos. “O pedido de desculpas que eu fiz não foi pelas minhas palavras, mas sim pelos sentimentos que elas provocaram”, disse. Em contrapartida, o senador Magno Malta (PR-ES) declarou: "Como ele disse que não falou, eu entreguei um DVD com a fala dele, para ele ver em casa".
Gilberto Carvalho também teria admitido que a nota emitida pelo governo para justificar suas declarações foi insuficiente e se comprometido a divulgar um novo comunicado nesta quarta-feira. Em depoimento ao jornalista Gabriel Castro, de Veja, sobre o documento não-assinado, Carvalho se esquivou: "O diálogo foi muito maduro. A gente sai daqui com a questão encaminhada".
Toda essa nova crise do governo com os evangélicos começou quando, em palestra no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no dia 27 de janeiro, Carvalho disse que o Estado deve empreender uma disputa ideológica pela “nova classe média”, que estaria sob hegemonia de setores conservadores, sobretudo evangélicos. “Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande presença para esse público que está emergindo”, disse, acrescentando que o governo iria empreender uma "disputa ideológica com os líderes evangélicos" pela influência sobre a classe média emergente e que o governo poderia usar nessa luta uma "vertente autoritária, mas com cuidado".
O senador Magno Malta, porta-voz dos evangélicos e da Frente da Família no Congresso, disse que encaminhará a Dilma uma nota de repúdio. Durante reunião entre senadores, deputados e pastores, houve também manifestação de repúdio ao ativismo da nova ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, favorável ao aborto.
Foi distribuída carta-compromisso que Dilma assinou no segundo turno das eleições presidenciais, em 2010, se comprometendo a não enviar ao Congresso projetos pró-aborto. Na mensagem aos evangélicos, a então candidata dizia ser “pessoalmente contra o aborto”. Malta disse que o segmento não pode “desconfiar” da palavra de Dilma, mas afirmou que os evangélicos lamentam a escolha de Menicucci.
“Temos o documento assinado por ela dizendo que é contra o aborto. Então, chega a ministra que está indo a ONU com dinheiro público para defender aborto. Vamos construir um documento revelando nossa contrariedade e reiterando nossas posições contra o aborto e a resistência que nós faremos a isso”, afirmou.
Acompanhe o comentário sobre essa questão e trechos da entrevista da ministra Eleonora Menicucci no blog do pastor Silas Daniel.
Fonte: CPAD News / Veja
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