A igreja em Teerã (capital do país) enfrenta pressão das autoridade para identificar cada um dos seus membros. O governo exige uma lista com os dados pessoais de cada congregado.
Os líderes da Igreja Assembléia de Deus Central de Teerã (AOG) anunciaram às suas congregações, no domingo (6 de maio), que as autoridades exigiram uma lista de nomes e números de identificação dos membros de cada igreja, isso acarreta um grande risco para os novos convertidos ex-muçulmanos.
Os líderes da Igreja pediram, em seguida, aos membros presentes que voluntariamente forneçam os dados pedidos pelo governo. A igreja possui dois cultos aos domingos, ambos realizados na língua persa. É a única igreja remanescente em Teerã, que faz cultos em persa.
"Esse posicionamento do governo é basicamente para impedir que a igreja tenha novos membros e para tornar mais difícil e arriscado, ainda, para os não-cristãos a participação em qualquer atividade cristã", disse Monsour Borji, um cristão iraniano e oficial de defesa dos direitos humanos, que concluiu: "É basicamente uma demonstração de força para limitar a igreja".
O resultado imediato dessa exigência do governo, de acordo com Borji, é que, alguns membros da Igreja não estão dispostos a entregar os seus nomes e números de identificação, pois são confrontados com o dilema ético de negar a Cristo por darem ao governo o direito de “controlá-los”.
"Isso criou um dilema ético para alguns membros da igreja que não têm certeza do que fazer, porque passar os dados soa como uma atitude suicida", disse Borji.
A iniciativa indica uma intensificação dos esforços do governo de controlar as igrejas oficiais no Irã. A Igreja Central de Teerã foi forçada em 2009 a interromper seus cultos em persa que eram realizados às sextas-feiras. Desde então, o número de cristãos nos cultos de domingo aumentou significativamente, de acordo com as fontes.
Em fevereiro, as autoridades obrigaram outras duas últimas igrejas oficiais (Igreja Protestante Emanuel e Igreja Evangélica de São Pedro) que também faziam cultos em persa às sextas-feiras, a interromperem suas atividades nesse dia.
Fontes disseram ao Compass que tendo uma lista dos membros da igreja AOG, as autoridades serão capazes de controlar e acompanhar cada passo deles e também monitorar se a igreja tem feito novos convertidos do islamismo, o que é terminantemente proibido pelas autoridades.
"Há muito tempo as igrejas são vigiadas, mas esta nova exigência é outro sinal de que eles estão procurando controlar e limitar os muçulmanos do contato com as igrejas", disse um especialista na região, que prefere ficar no anonimato.
Borji disse que as autoridades exerceram pressão agressiva na igreja AOG, e as suas novas táticas visam também limitar o número de reuniões públicas. Os líderes da Igreja e suas famílias estão sob vigilância constante, e, ocasionalmente, os membros são convocados para interrogatórios. As autoridades também restringiram a publicação de materiais cristãos, inclusive Bíblias, Borji disse.
A igreja regularmente é monitorada pelas autoridades, que há 20 anos também haviam exigido uma lista de todos os cristãos que frequentam regularmente os cultos, na época os líderes da igreja se recusaram a ceder à exigência. Não há batismos ocorrendo na igreja AOG, nem em outras igrejas oficiais.
"É um esforço meticuloso e organizado para garantir que nada na igreja passe despercebido", disse Borji. "Os líderes estão sob muita pressão".
Como República islâmica, o Irã trata os novos convertidos ao cristianismo e os cristãos de modo geral como inimigos do Estado e espiões do Ocidente que querem minar as forças do governo. Borji explicou que o governo iraniano nunca chegou a aceitar o conceito de "Igrejas de língua persa", e que as autoridades associam o cristianismo com algumas minorias étnicas no Irã - ou seja, armênios e assírios – e com o Ocidente.
"Então, a idéia de uma igreja cultuar a Deus em persa é uma grande ameaça a um regime que exige monopólio religioso", disse Borji.
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