Egito
Colaborador da Portas Abertas no Egito fala sobre a atual situação do país e revela o sentimento de cristãos e muçulmanos que sofrem com a morte de parentes e amigos. “Esses são os dias mais difíceis que já presenciei no meu país”, revela Samir*, que não pode ser identificado por questões de segurança.
A quarta-feira foi um dia bastante triste, de muitas lágrimas, dores e agonias para o Egito, que testemunhou o resultado de toda violência praticada por policiais e manifestantes: de acordo com o relatório oficial do Ministério da Saúde egípcio, 235 pessoas morreram e 2.001 ficaram feridas. Os números de mortes e lesões anunciados pela Irmandade Muçulmana, agência de notícias Al-Jazeera e outros canais da mídia são muito maiores.
Este não é o momento para decidir quem está certo e quem está errado ou o que deveria ou não ter sido feito em primeiro lugar. A questão agora não é julgar se os manifestantes da Irmandade Muçulmana que foram forçados a deixar a região de Rabaa-el Adawia e a Praça Nahda (onde estavam acampados e bloqueando as ruas nos últimos 45 dias) eram manifestantes pacíficos que tinham um caso político legítimo de defesa ou não.
Eu ouso dizer que também não é o momento de chorar por dezenas de igrejas, edifícios cristãos, escolas, livrarias bíblicas, lojas e casas de cristãos que nunca antes foram alvos tão visados de saques, ataques e destruição como ocorreu ontem em Minya, Assiut, Sohag e várias outras cidades. Tudo isso não pode ser comparado à perda de tantos amigos e parentes e às dores das feridas, do medo e da ansiedade que encheram os corações de todos. Os edifícios podem, eventualmente, ser reconstruídos, mas e quanto às pessoas que morreram?! Nunca poderemos recuperá-las.
Semana passada, um caso específico abalou a comunidade cristã no Egito: uma menina de 10 anos de idade, Jessica Boulos, foi assassinada a caminho de casa, na volta de sua classe de estudos da Bíblia, sediada em uma das Igrejas Evangélicas do Cairo.
Ontem à noite, em um anúncio feito pelo presidente interino Adly Mansour foi declarado estado de emergência no país por, pelo menos, um mês. Quatorze províncias (incluindo Cairo, a capital) já estão sob toque de recolher das 19h às 6h do dia seguinte, devido aos inúmeros ataques de radicais a edifícios de serviços públicos e propriedades privadas.
Vemos e ouvimos manifestantes em canais da TV ameaçando queimar o Egito por completo, para formar o que é chamado de "exército livre do Egito". O objetivo deles é lutar contra o exército oficial, para acelerar a luta com os jihadistas no Sinai. Afirmam que os egípcios não poderão dormir até o ex-presidente Mohamed Mursi voltar ao poder (ele foi deposto em 3 de julho, após uma série de protestos).
Por favor, continue orando pelo Egito! Esses são os dias mais difíceis que já presenciei no meu país. O Egito pacífico está agora embebido em violência, ódio e desejo de vingança. Meu coração e os corações de milhões de cristãos e muçulmanos egípcios sangra ao vermos o Egito se transformar em um país estranho, diferente do lugar que conhecemos como nosso lar.”
Pedidos de oração
• Ore para que a paz volte às cidades do Egito.
• Peça por sabedoria para que as forças policiais e o Exército egípcio saibam como lidar com as principais questões de segurança.
• Interceda pedindo por poder, amor e perdão do Senhor sobre os corações cristãos, para que a Igreja siga os ensinamentos de Jesus e consiga orar por seus perseguidores, perdoando-os.
*Ouça Samir falar sobre as experiências da Igreja no Egito
Samir, colaborador da Portas Abertas no Egito, visitará o nordeste do Brasil entre os dias 23 de novembro e 2 de dezembro. Reserve essas datas em sua agenda e seja edificado com os testemunhos do agir de Deus entre os cristãos egípcios.
Fonte: Portas Abertas Internacional